A vida tem dúvida de si. E eu duvido de mim. Quisera eu ser como o tronco da mais humilde madeira, estátua para o caleidoscópio do tempo, de todos os fractais do tempo. Meu propósito inseguro de desnudar correntes marítimas e o mistério da morte. A morte de que vive minha angústia. Quisera ter nascido do sexo dos astros, caminhar intimorato e sem escudos pelos bosques do Inominável, tocar curioso e impensativo uma vaga noção de amor, como faria uma criança com asas de fogo. Permanecer incólume ao conflito entre o Verbo e o Ato.
Mas, diante do meu olhar inerte, o mundo, esta casa passageira, me desabita. Sou rebento da sua impotência. Nada se conquista para além da espessa cortina que fere o Cosmos.
E, enquanto minha consciência sofre com o eclipse desses passos exaustos, dessa vista embaciada, vou nutrindo minha alma de comprimidos de Gardenal.
15 de março de 2008
12 de março de 2008
Passeio na casa
Procuro-te nos guardados
Garfos copos guardanapos usados
Tão complexo este jantar sem ti
Mordo cada naco de carne insossa
E só teu abraço me conforta de mim.
Distante na minha terra
Escondes teu rosto
Entre mãos que outrora já
Afastavam de mim o calor da noite de março.
Quantos rasos penetrarás
Na tua ausência em mim?
Responde, caçador da madrugada.
Garfos copos guardanapos usados
Tão complexo este jantar sem ti
Mordo cada naco de carne insossa
E só teu abraço me conforta de mim.
Distante na minha terra
Escondes teu rosto
Entre mãos que outrora já
Afastavam de mim o calor da noite de março.
Quantos rasos penetrarás
Na tua ausência em mim?
Responde, caçador da madrugada.
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