2 de novembro de 2005

Leitor de poesia

Voltei a ler poemas, o que nao faço já faz algum tempo. Com meu trabalho atual, escrevendo material didático de literatura, entrei novamente em contato com obras que havia esquecido ao longo do tempo. Li Marília de Dirceu, Gregório de Matos, os românticos. Sempre é bom escarafunchar nos desertos da memória as sensações que tivemos quando do primeiro contato com o que, então, era novo. Agora, experimento outras sensações, não diferentes, mas complementares às daquelas épocas remotas. E a euforia cede lugar à reflexão.
Por isso, decidi listar aqui alguns dos meus poemas favoritos, aqueles que marcaram a minha alma de modo tão profundo que constantemente (e, por que não, insistentemente) releio, devoro e me estimulam.
Não se trata de um ranking, mas de uma amostragem; são obras, para mim, fundamentais, porém de modo algum as únicas. São os meus guias.

"A segunda vinda" ("The second coming") - William Butler Yeats
"Elegias de Duíno" ("Duineser Elegien") - Rainer Maria Rilke
"Quarta-feira de Cinzas" ("Ash-wednesday") - T. S. Eliot
"O cemitério marinho" ("Le cimetière marin") - Paul Valéry
"Tabacaria" - Fernando Pessoa
"Hora Absurda" - Fernando Pessoa
"Elegia 1938"- Carlos Drummond de Andrade
"A máquina do mundo" - Carlos Drummond de Andrade
"Poema só para Jaime Ovalle"- Manuel Bandeira
"À espera dos bárbaros"- Konstantin Kaváfis

Os poemas aqui citados pertencem ao século XX, mas é claro que há outros que li esparsamente, como Divina Comédia (Dante Alighieri), o qual creio que ainda marcará de modo mais substancial minha formação poética, pois ainda me julgo inapto a captar seu sentido e sua construção profunda. É que, para mim, a leitura de um poema envolve mais meu lado afetivo que meu lado racional, e esse despertar emocional me vale tanto que tenho medo de afastar de mim a emoção para apreciá-los apenas de forma crítica.
A poesia ainda mantém em mim o "leitor ingênuo", no dizer do professor João Alexandre Barbosa, aquele que busca o prazer somente, o deleite, algo de inocentemente orgástico. É diferente de ler um romance, por exemplo, no qual procuro encontrar a inspiração técnica. Ler Yeats e Eliot e Pessoa se distingue muito de ler Faulkner e Clarice, por exemplo. Os prazeres vêm de forma diversa. Mas, de qualquer maneira, são prazeres. Talvez os mais genuínos que consigo ter.

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