3 de fevereiro de 2007

A long, long time...

Já é pública e notória a minha dificuldade em manter um diário. Mesmo o fato de usar o computador quase todo dia não é um fato que facilite o trabalho. Talvez, um dia, eu chegue à conclusão de que sou tão intermitente quanto o que escrevo. Esse é o mal de quem vive a crise literária cotidianamente: tenho talento? não tenho? se tenho, por que não escrevo? se não tenho, por que insisto em escrever?
É aquilo que Clarice Lispector afirmou certa vez: "se eu não escrever, eu morro". Viver e escrever são uma só coisa indefinida e inescrutável. Pesquisar na palavra o sentido, o algo-mais da vida, me faz crescer no pouco espaço que tenho. E, procurando esse espaço, pergunto de mim mesmo a minha linguagem - se isso tem algum significado.
Tenho lido bastante, principalmente poesia: Yeats, Rilke, Pessoa, Eliot, Drummond... Ou seja, os mesmos que sempre admirei. Um domínio do qual não me sinto apto a fugir, até porque não desejo isso. São poetas que me inspiram, que, num sentido clássico, imito. Li "Enquanto agonizo", de outro nome fundamental para mim, Faulkner. Li também "O deserto dos tártaros", de Dino Buzzatti, uma revelação, uma epifania.
Ou seja, estou me redescobrindo como leitor, partindo de onde sempre estive. Pode-se considerar isso uma vitória. Pequena, mas imensa.
"Da contenda do homem com os outros, nasce a retórica. Da contenda do homem consigo mesmo, nasce a poesia" (Yeats).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

As suas palavras